Em 1997, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO – criou uma avaliação intitulada de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade para proteger e reconhecer diversas expressões de tradições, celebrações, festas, lendas, enfim, qualquer tipo de expressão cultural que tenha tanta importância que mereça ser preservada por toda a humanidade.
A cada dois anos a Unesco escolhe os bens que passam a integrar essa lista depois de receber candidaturas de diversos países que assinaram uma convenção que os permite participar da avaliação.
Pois bem, dentro desta lista encontramos o fado, estilo de música tradicional de Portugal, o teatro de sombras da China, a roda de capoeira do Brasil, a prática de Yoga da Índia e por aí vai. Ao longo dos anos, os patrimônios foram sendo eleitos de acordo com o quanto aquela prática representava naquela determinada região e, é claro, o quanto aquilo também a representava perante o mundo.
Dentre tantas danças, rituais espirituais, povos e línguas antigas, eis que em 2010 uma prática muito conhecida por nós aqui no Blog chegou à mesa da Unesco. Sim, no ano de 2010, pela primeira vez desde a criação da lista, a Unesco avaliou e incluiu algumas comidas como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Três tipos de refeição muito conhecidas foram as primeiras a inaugurar a parte gastronômica dessa lista, que hoje já conta com diversos outros pratos de várias regiões do mundo.
O ritual das refeições francesas; a dieta mediterrânea e a tradicional culinária mexicana foram os três primeiros eleitos pela Unesco para compor a lista de patrimônios da humanidade.
Na França a refeição é levada muito a sério e é, de fato, um ritual que começa com a arrumação da mesa. Copos diferentes para água, vinho tinto e vinho branco e garfo à esquerda e faca à direta, sempre com a lâmina virada para a direção do prato. Tudo começa com um brinde, normalmente uma tacinha de Kir Royal, bebida feita de licor de cassis e champagne, passa pelo amuse-bouche, um pequeno aperitivo cujo qual você não tem poder de escolha, é quase como um presente do Chef, avança-se para a entrada, seguida do prato principal, uma tábua de queijos, sobremesa e um café para finalizar tudo acompanhado de pequenos docinhos chamados de mignardises.
Já a dieta mediterrânea é vista com tamanha importância que foi sugerida e proposta à Unesco em conjunto por quatro países – Itália, Espanha, Grécia e Marrocos. A infinidade de produtos naturais e extremamente saudáveis como azeites, tomates, vegetais e peixes foi apresentada como um dos grandes aliados ao bem estar e à saúde da humanidade, sendo indicado até como combatente de grandes epidemias mundiais como a obesidade e doenças cardiovasculares.
Por fim, a culinária mexicana. O processo produtivo dessa comida é tão único que entrou para a lista como um ritual de raízes ancestrais que une e caracteriza todo o povo mexicano. Desde o cultivo do milho, feijão e das pimentas até o serviço efetivo da comida, encontra-se o trabalho coletivo. Tudo é feito manualmente de forma tradicional por famílias que ensinam suas técnicas de geração em geração. O resultado? Uma culinária riquíssima em sabor, texturas, aromas e história para contar.
E é dessa culinária que quero falar hoje!
A comida mexicana tem uma base milenar pré-colombiana com evidências de plantio de milho cerca de 8.000 a.C. e por isso é vista como uma das culinárias mais antigas do mundo. A civilização indígena dominava a arte de plantio de três ingredientes na região desde antes da chegada dos espanhóis. Milho, feijão e pimenta compunham a base da alimentação local, tudo feito de forma muito rústica, mas com técnicas específicas usadas até os dias de hoje.
Nem mesmo a chegada dos colonizadores foi capaz de prejudicar a importância dessa base alimentar da época dos maias e astecas que, ao contrário, só cresceu com o acréscimo de alguns ingredientes trazidos pelos espanhóis.
Queijo, carne de vaca, frango e porco foram incrementados pelos espanhóis, enquanto a produção de tortilla de milho e o chili são tradicionalmente mexicanos. Por ser tão antiga, conhecida e apreciada, é natural que essa culinária tenha sofrido alterações ao longo dos anos podendo ser encontrada mundo afora de diversas formas adaptadas a cada região.
Incrementados ou não, fato é que os pratos mexicanos ganharam o coração dos brasileiros e a culinária é muito apreciada por aqui. Simples, rápida e deliciosa, a refeição pode ser preparada em casa para qualquer ocasião e costuma agradar 100% da família e os amigos.
Aqui em casa eu sempre tento transformar uma janta qualquer em um evento. Não importa se estou sozinha, se estou com meu noivo ou se estou recebendo os amigos, o importante é sempre criar um ambiente, uma atmosfera gostosa para apreciar cada uma das refeições.
Com a comida mexicana, não poderia ser diferente! Aproveitei alguns abacates que tinha trazido do sítio da minha avó para preparar uma guacamole, uma sobrinha de carne para preparar um chili e minha receita de cream cheese caseiro para fazer um sourcream e pronto! Servi tudo com tortillas chips, mas você pode servir com a tortilla tradicional também. Uma refeição deliciosa e feita de forma muito rápida para curtir um filme, um jogo de futebol ou só um bom papo com quem se ama.
O toque especial da preparação foi a presença das borboletas que tomaram conta da minha noite mexicana. E não pense você que isso foi por acaso não! Já que estamos falando de uma culinária tradicional e histórica, decidi trazer mais um elemento importante para o México. Todos os anos milhões de borboletas Monarca migram do Canadá para o México onde passam o inverno cobrindo inúmeras árvores com suas asas laranja e preta.
Essas borboletas são as únicas que fazem essa migração e também é um dos poucos insetos que atravessam o Atlântico para ficarem no clima mais quente da região central do México. O fenômeno é tão impressionante que atrai multidões de turistas todos os anos e por isso decidi também trazê-las em minha preparação para valorizar ainda mais a cultura histórica do México!
Aproveitei a coleção Papillon, que aliás significa borboleta em francês, da Michel Design Works para trazer o colorido que queria para a noite! A marca americana é trazida ao Brasil com exclusividade pela Anova Trade e os produtos são de altíssima qualidade. Podem ser levados direto no lava louças e as peças de melamina da Michel são perfeitas para o serviço até 65°C, ou seja, são super versáteis e podem ser usadas para alimentos frios e quentes.
Eu sou suspeita e adoro a marca por conhecer a qualidade dos produtos e sempre me surpreender com o resultado final das receitas servidas com tanta beleza e alegria. Para essa produção usei tudo da coleção Papillon. Trilho de mesa, guardanapos, petisqueira e saladeira repleta de borboletas fizeram da minha homenagem à culinária mexicana uma noite deliciosa, colorida e é claro, muito saborosa!
CREAM CHEESE CASEIRO
600 ml de leite
50 ml de vinagre
50 ml de água
1 colher de café de manteiga
1 colher de chá de queijo parmesão ralado
½ colher de café de sal
MODO DE PREPARO
Coloque o leite em uma panela e ferva. Assim que ferver, separe uma xícara do leite fervido e deixe reservado.
Na panela adicione o vinagre e misture, irá talhar o leite imediatamente. Adicione a água, misture. Agora coe tudo isso em uma peneira, descartando o líquido e ficando apenas com o sólido.
Coloque no processador e junte o leite que havia separado, a manteiga, parmesão e sal. Bata até engrossar, coloque em um recipiente e leve para a geladeira para terminar de ficar na consistência correta.
SOUR CREAM
300 gr de cream cheese (pode utilizar o comprado se quiser)
300 gr de creme de leite
1 limão
Sal
MODO DE PREPARO
Coloque todos os ingredientes em uma tigela e misture muito bem até que vire um creme espesso, homogêneo e consistente.
GUACAMOLE
1 abacate maduro
1 tomate
1 cebola
1 pimenta
½ xícara de coentro
1 limão
Pimenta do reino
Sal
Azeite
MODO DE PREPARO:
Pique os tomates, a cebola, a pimenta e o coentro e coloque em uma tigela. Acrescente o abacate descascado e em pedaços grandes.
Amasse com um garfo de forma grosseira, é essencial que tenham alguns pedacinhos maiores do abacate e não vire uma pasta.
Acrescente o azeite e tempere com sal e pimenta a gosto.
CHILI
½ kg de carne moída
½ kg de feijão cozido sem caldo
3 tomates cortados em cubinhos
1 cebola cortada em cubinhos
1 dente de alho amassado
1 pimenta ou molho de pimenta
Azeite
Sal
Molho de tomate
Temperos a gosto (cominho, páprica e pimenta do reino)
MODO DE PREPARO:
Em uma panela refogue o alho e a cebola em um fio de azeite, acrescente a carne moída e deixe refogar.
Adicione os temperos e a pimenta/molho de pimenta. Acrescente os tomates e mexa bem e por fim, coloque os feijões. Se quiser pode amassar um pouco os feijões com um garfo ou até mesmo bater no processador, vai do seu gosto. Coloque 2 colheres de molho de tomate e avalie a quantidade de água, se você observar que é pouca, acrescente mais água para que tudo cozinhe, mas pouca coisa, o chili é servido mais sequinho.
Agora tampe a panela e deixe cozinhar por aproximadamente 10 minutos, mas cuidado para não deixar os feijões queimarem, é só o tempo do líquido ser absorvido e o chili ficar mais espesso.
Conheça mais sobre a coleção Papillon nesse link.
Esse conteúdo foi preparado pela chef Bruna Calderon. Você pode ver mais dicas e receitas no blog dela, nesse link.